Desabastecimento de diesel preocupa caminhoneiros e importadores

País está em risco de faltar diesel no segundo semestre de 2022

Combustível deve faltar no país no segundo semestre deste ano;

Preço da Petrobras está defasado em relação ao mercado internacional;

Líder do movimento dos caminhoneiros pede por transparência quanto aos estoques nacionais.

Após a Federação Única dos Petroleiros alertar sobre o risco do país sofrer um desabastecimento de diesel nesta terça-feira (24), lideranças tanto das empresas de importação quanto dos movimentos dos caminhoneiros demonstraram preocupação com os níveis do combustível.

De acordo com Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a escassez será um fenômeno global no qual o Brasil não conseguirá sair imune.

Espera-se que no segundo semestre deste ano o consumo mundial aumente devido a questões sazonais, como as férias no Hemisfério Norte, e circunstâncias, como a guerra na Ucrânia, que alterou a logística de produção, compra e venda do produto na Europa.

Wallace Landim, também conhecido como Chorão, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), pediu por transparência quanto aos níveis dos estoques internos. “Até o momento, não está faltando (em larga escala), mas estou preocupado”, afirmou ao Estadão/Broadcast.

A fala é ecoada pelo ex-presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda. De acordo com o executivo ainda não há relatos de escassez sistêmica do produto, porém já houve casos de postos no interior que ficaram até três dias sem combustível.

Nestes casos, os postos chamados de “bandeira branca” são os mais afetados. No geral, os postos com marcas de distribuidoras como o Ipiranga, Shell e Vibra (antigo BR), compram cerca de 70% do diesel vendido pela Petrobras e importam o restante de suas necessidades. Já os demais, que não possuem essas marcas, dependem dos importadores regionais.

Segundo executivos da Petrobras, a defasagem no preço do combustível é um outro fator que irá piorar o abastecimento no país. Antes de ser demitido, o ex-presidente da Petrobras José Mauro Ferreira Coelho havia alertado o Ministério de Minas e Energia para esse fato.

A empresa, para ajudar a tornar o preço do combustível importado mais competitivo no país, precisa aumentar o custo do diesel ainda mais. A diferença, no entanto, varia conforme os altos e baixos do dólar. Ontem a defasagem estava em 2%. No entanto, na primeira semana de março ela chegou a 28%.

Bolsonaro, receoso de aumentar ainda mais o custo dos combustíveis, pode se deparar com um país que sofre com a falta do diesel no segundo semestre, durante o auge da colheita da soja. De acordo com especialistas, a safra encontraria dificuldades de ser escoada para os portos e impactaria diretamente no Produto Interno Bruto (PIB).

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