Boom do agrotech esbarra na falta de acesso por pequenos produtores

Agrotech: Filha de pequenos agricultores do DF, Carime Rodrigues se vê como minoria no setor ao focar esforços no desenvolvimento de produtores familiares com sua startup de biofertilizante KrillTech

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Logo que a doutora em nanotecnologia Carime Rodrigues percebeu o potencial que a substância desenvolvida por ela e colegas em laboratórios da UnB (Universidade de Brasília) tinha para a agricultura, procurou os pequenos produtores de chuchu Maria das Graças e Ozair, de Brazlândia – na região noroeste do DF – para testar em campo a descoberta.

Maria das Graças e Ozair, pais de Carime, se surpreenderam com os resultados obtidos com a Arbolina – uma nanopartícula biológica que estimula o crescimento das plantas, funcionando como biofertilizante natural ecológico – e indicaram a filha para outros agricultores familiares da região.

“Um dos primeiros testes foi com um produtor de morango; dividimos a área dele em duas iguais, aplicando a arbolina em metade, e usando a outra como controle, e aquela onde foi aplicada produziu 290 caixas, contra 130 da outra”, conta a agora empreendedora. “Ainda assim, enfrentamos alguma resistência por parte do produtor, por motivos que não sabemos ao certo, o que nos levou a buscar órgãos estatais de assistência técnica para levar nosso produto aos pequenos produtores”.

Para ela, ser filha de agricultores familiares – a primeira da família a entrar no ensino superior – a leva a focar o esforço de divulgação e propagação da produção para os pequenos produtores. “Nossa ideia é justamente expandir para os mais vulneráveis; para um grande agricultor, ganhar mais produtividade pode representar mais lucro, uma Hilux nova nada garagem; para estes pequenos, pode significar uma mudança de vida.

A iniciativa da KrillTech – Agrotech de biotecnologia criada pela filha de agricultores do DF – é minoria entre as startups do Agro. Ela mesma diz não conhecer outra que busque fortalecer os pequenos produtores por via de órgãos como Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) ou governos estaduais.

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