A nossa conta chegará!

Paulo Henrique Cordeiro

O que aconteceu lá, pode se espalhar.
O que vimos lá, pode migrar pra cá.
A conta não pode ser só do Sul;
A conta é de todos, de cada um.
A conta da crueldade que praticamos;
Das árvores que derrubamos;
Dos rios que assoreamos;
Dos animais que assassinamos;
Dos biomas que devastamos;
Da madeira que contrabandeamos.
A conta lá já foi, mas a nossa chegará,
E virá salgada, carregada de juros a pagar.
Pode ser que não seja uma enchente,
Mas pode ser uma seca sem precedente,
Ou até a desertificação.
Aqui, estamos no sertão, lugar do semiárido brasileiro;
Lugar do sofrimento verdadeiro.
E isso vai se intensificar!
Não é uma profecia da desgraça,
É só a conta que vai chegar.
A natureza nunca perdoará!
Deus perdoa sempre!
Os homens perdoam algumas vezes!
Mas a natureza é implacável e não vai nos remir.
A Terra geme como que em dores de parto e nós também vamos sentir:
Será a dor do abandono,
Do jeito egoísta com que tratamos a mãe Terra.
Foi duro, foi uma guerra em anos de devassidão.
A conta chegará e não será só no Sul, não!
E que nos preparemos para suportar a resposta da natureza…
Aos poucos vai se aproximar o tormento de um meio ambiente que não suporta mais a nossa presença humana.
E, depois, ainda nos veremos com o tribunal de Deus, pois roubamos, depredamos o jardim da criação.

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