TRE-SP forma maioria para cassar mandato de Carla Zambelli

Quatro juízes votaram contra Zambelli por má-fé e abuso de expressão. Decisão pode torná-la inelegível até 2030.

Tribunal cassará mandato de Zambelli por fake news. Defesa confia em reverter decisão no Tribunal Superior Eleitoral.
Tribunal cassará mandato de Zambelli por fake news. Defesa confia em reverter decisão no Tribunal Superior Eleitoral. Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) formou maioria nesta sexta-feira (13) para cassar o mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP). A decisão ocorreu em julgamento motivado por uma ação da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP). O caso aponta que Zambelli teria divulgado informações falsas sobre o processo eleitoral de 2022.

Dos sete juízes que compõem a corte, quatro votaram a favor da cassação. Contudo, o julgamento foi interrompido devido ao pedido de vista da juíza Maria Cláudia Bedotti. Até o momento, a parlamentar corre o risco de ficar inelegível até 2030. Apesar disso, ela ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Publicações nas redes motivaram o processo

A ação teve como base publicações feitas por Zambelli em 2022. Nas postagens, ela criticava o sistema eleitoral e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos argumentos usados no processo foi a acusação de manipulação de urnas eletrônicas na cidade de Itapeva, interior de São Paulo.

Durante a sessão, o desembargador Encinas Mafré, relator do caso, destacou o uso indevido da liberdade de expressão e má-fé nas declarações. Para ele, as postagens configuram abuso de direitos e desinformação, agravando o impacto sobre a confiança no sistema eleitoral.

Pedido de vista adia desfecho

O julgamento sofreu uma pausa após o pedido de vista feito pela juíza Maria Cláudia Bedotti. Com isso, o desfecho do caso foi adiado. Embora a maioria dos votos seja desfavorável à deputada, a decisão final só será conhecida após a análise do pedido.

Esse tipo de interrupção é comum em julgamentos mais complexos, onde os magistrados buscam maior tempo para análise. No entanto, o pedido gera expectativas sobre o impacto que a posição de Bedotti pode ter no caso.

Defesa reage e minimiza impacto

Em nota oficial, Carla Zambelli declarou que a situação ainda não é definitiva. “Nada mudou. Por enquanto, a maioria está formada no sentido da minha cassação, mas isso ainda pode ser revertido, com o pedido de vista que foi feito”, afirmou.

A defesa de Zambelli também criticou o andamento do processo, afirmando que a deputada exerceu o direito à liberdade de expressão. Para os advogados, as declarações foram opiniões políticas, protegidas pela Constituição.

Possíveis desdobramentos

Se confirmada, a decisão do TRE-SP poderá tirar Zambelli da vida política até 2030. Contudo, o caso ainda depende de recursos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até lá, a parlamentar seguirá exercendo o mandato normalmente, conforme prevê a legislação eleitoral.

Especialistas indicam que decisões como essa refletem um movimento crescente de responsabilização de autoridades públicas por falas que podem comprometer o sistema democrático. A análise de outros julgamentos no TSE poderá influenciar o desfecho do caso.

Impacto no cenário político

A possível inelegibilidade de Carla Zambelli pode causar repercussões significativas no cenário político. Como uma das principais figuras da base aliada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, sua saída enfraqueceria o grupo em nível nacional.

Por outro lado, o caso também fortalece o debate sobre os limites da liberdade de expressão e a disseminação de informações falsas. Assim, o processo é visto como um marco na interpretação da legislação sobre o tema.

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