*Maracá a lenda…*

Por Ivan Sousa – Jacaraci/BA.

Osvaldo Lima Sousa, o famoso mito “Maracá”

Se você gosta de rimas
Pare um pouco pra escutar
É uma história marcante
De um homem popular
Que teve uma trajetória
De uma vida notória
O famoso maracá

Osvaldo Lima Sousa
Homem de forte punho
Nascido nos anos trinta
No dia seis de junho
Surgia então essa lenda
Inteiro sem ter emenda
Original sem rascunho

Terra natal Condeúba
Maracá fez sua bandeira
Filho de Maria Rosa
E de seu Joaquim Ferreira
Plantou sementes e deu fruto
Um sujeito franco e bruto
Para ele não tinha fronteira

Menino de origem negra
Com a cabeça sempre erguida
Veio ao mundo pra vencer
Ser o primeiro na corrida
Defender sempre seu pão
Sem ninguém de corrimão
Sempre com o suor da lida

Barba sempre a fazer
Esse era seu legado
Escola não frequentou
Não era alfabetizado
Mas na vida ensinava
E nas tarefas destacava
Era um homem diplomado

Sua calvície era marcante
Cabelo só na pestana
Fumava e mascava fumo
E achava aquilo bacana
Trabalhava sem descanso
E de folga com remanso
Tomava umas no fim de semana

Tudo que ele fazia
Com determinação e vontade
Produto de primeira linha
Isto é,de qualidade
Reconhecimento geral
Tanto no meio rural
E no centro da cidade

Maracá era muito simples
Mas de muita categoria
Homem de muita inteligência
No ofício que fazia
Para o cavalo tinha traia
Desde da sela a cangaia
Especialista em montaria

Além de um bom celeiro
Tinha uma mente de ouro
Fazia chinelo de pneus
E também bom suadouro
Chuteiras com travas de prego
Só não via quem era cego
Embornais e chapéu de couro

As chuteiras que ele fazia
Era forte que só ela
Linha com cera de abelha
Bem curtida e amarela
Biro amolado igual faca
Que já deixou muitas marcas
Em muitas e muitas canelas

Teve fama em Irundiara
Distrito de Jacaraci
Onde todos os conhecia
E quem passavam por ali
Com bom serviço prestado
Maracá era admirado
E estava pronto a servir

O couro matéria prima
Preenchia seu requisito
Para alcançar a tonalidade
Deixar o produto bonito!
Fazia o seu esboço…
Em um balde com sal grosso
E também casca de angico

E assim o couro cru
Transformava se em sola
Com criatividade o artesão
Tirava o modelo da cachola
Tudo que possa imaginar
De cangaia ao imborná
E utensílios de jogar bola

Na cozinha mandava bem
Era chefe nos casamentos
Com tempero caprichado
Para todo e qualquer evento
Tinha que agendar vaga
Pena que Ana Maria Braga
Não conheceu seu talento

Aquelas festas na roça
As mais famosas que tinha
O primeiro a ser convidado
Para comandar a cozinha
Para servir pernil assado
Nunca chegava atrasado
Gostava de uma farrinha

Praticava outra arte
Digo agora a vocês
Comemora se em Janeiro
Exatamente no dia seis
Maracá entrava em pauta
Dançando e tocando flauta
Nas folias de Santo Reis

E na dança dos facões
Ele era sem igual
Um bom batedor de caixa
Fazendo som natural
Condeúba e Irundiara
Deve muito a esse cara
Em seu berço cultural

Além de um grande artista
Foi um grande conquistador
Por onde Maracá passava
Plantava a semente de amor
Um laçador de corações
Ele não tinha limitações
A sorte era a seu favor

A primeira a cair no laço
E foi assim conquistada
Ela que era de Condeúba
E parecia uma esmeralda
Com o mestre ela fez par
Teve filhos pra cuidar
E o nome dela é Geralda

Na qual teve quatro filhos
Que batalhou pra dá sustento
Foram dois belos casais
Do fruto desse casamento
Lucia e Maria Aparecida
E para alegrar mais a vida
Veio Raimundo e Osvaldo Bento

Também tem outro boato
De uma língua atrevida
Que Maracá pulou o muro
Deu uma bela escapolida
Fez tudo isso na surdina
E então deve uma menina
Mexendo em outra ferida

Depois veio pra Irundiara
Para uma região bonita
Onde casou mais três vezes
Contando ninguém acredita
A primeira a ser escolhida
Partilhar um pouco da vida
Foi a senhora Jovenita

E desse relacionamento
Veio o filho Aldo de Lima
Mostrando que entre o casal
Que existia um bom clima
Mais tarde em outro momento
Já em outro casamento
Ele já estava com Alvina.

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