Fraternidade e fome (Cordel)

Redação/Folha de Condeúba

O poeta cordelista jacaraciense Ivan Sousa dos Santos

Como dói a tal da fome
Ela tem nome e sobrenome
Conhecida no mundo inteiro
Tira do mundo a esperança.
É triste ver uma criança
Vivendo esse pesadelo.

Um ciclo que não se encerra
Grande responsável é a Guerra.
Mas também tem outro cunho
Econômico e estrutural.
A fome é uma arma letal
Que mata com testemunho.

E para aumentar a estatística
Vem a sujeira da política
Passando de mão em mão
Enquanto muitos padecem
E o sofrimento só cresce
Sem ter direito a um pão.

Ver um chefe de família
Olhar dentro da vasilha
Que compõe a sua mesa
Seca igual sua estima
Isso te faz olhar pra cima
E chorar de tanta tristeza

Um filho num canto da sala
Lambe um papel de bala
Para ver se a fome passa.
Sem sonhos e desnutrido
O pai com um olhar sofrido
Sua vida não tem mais graça

Deita e o sono não vem
E não aparece ninguém
Que uma refeição reparta.
Quando cochila, então sonha
Com leite, cuscuz e pamonha
Uma mesa bonita e farta

O pano da desigualdade
Cobre a mesa pela metade
A outra metade é vergonha
De quem nunca pediu esmola
Sem ter nada na sacola
Que faça sua filha risonha

Deus é seu único porto
Ele que te dá o conforto
Na tentativa de vencer.
E nas noites tribuladas
Uma frase a alma é dada:
“Daí lhe vós o de comer”

Não é só fome de pão
Que pertuba um cidadão
Que vive no mundo sozinho
Falta de amor causa fome
Com um abraço ela some.
É importante dar o carinho

Alimente seu irmão
Com qualquer tipo de pão
Pratique o bem da partilha
Seja um anjo do sustento
E que nunca falte alimento
Na mesa de uma família

Esse cordel foi extraído do tema da campanha da fraternidade desse ano de 2023.

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