48% dos alunos da rede estadual de SP já sofreram violência, diz pesquisa
A pesquisa foi feita de 30 de janeiro a 21 de fevereiro deste ano, pouco mais de um mês antes do atentado na escola Thomazia Montoro, na última segunda-feira (27).
Segundo a sondagem, 48% dos alunos “já sofreram algum tipo de violência nas dependências das escolas em que estão matriculados”.
Quase todos veem piora das condições de saúde mental nas escolas. Para 95% dos estudantes e dos familiares e 91% dos professores, questões como esgotamento e ansiedade têm se tornado mais frequentes.
Foram ouvidos 1.250 alunos, 1.100 professores e 1.250 familiares em todo o estado de São Paulo. As entrevistas foram feitas em parceria com o Instituto Locomotiva.
De acordo com a Apeoesp, a pesquisa aponta que o Estado deve dar mais atenção à violência nas escolas. Na avaliação da deputada estadual Professora Bebel (PT-SP), presidente da entidade, tanto o quadro de funcionários como o policiamento das escolas costumam ser insuficientes.
Além disso, segundo a deputada, praticamente não existem políticas de prevenção à violência que envolvam a comunidade escolar. “O programa de mediação escolar, criado em 2009 pela secretaria da Educação a partir de proposta da Apeoesp, em que professores trabalhavam na solução de conflitos e harmonização do ambiente escolar, foi praticamente abandonado”, disse.
Ela afirma considerar que medidas de vigilância, como instalação de detector de metais e de câmeras nas áreas comuns, não bastam para combater o problema.
“Vivemos, lamentavelmente, um período de incentivo ao armamento das pessoas e à banalização da violência, e isso afeta fortemente os adolescentes e os jovens. É necessário que existam nas escolas psicólogos capacitados a realizar um trabalho preventivo junto a esses jovens”, disse a presidente da Apeoesp.
A deputada afirma que os professores, por mais preparados que estejam para identificar e evitar episódios de violência em sala de aula, não podem fazer o papel de profissionais da área.
“É verdade que os professores têm sensibilidade para identificar potenciais agressores e até mesmo para dialogar com eles, dissuadindo-os, muitas vezes, de ações violentas. Porém, os professores são responsáveis por diversas classes com 35, 40 ou mais estudantes e não lhes cabe atuar nesse campo”, diz Bebel.
**O QUE DIZ O GOVERNO **
A Secretaria da Educação informou possuir um programa de mediação de conflitos ativo e atuante. O Conviva “busca identificar vulnerabilidades de cada unidade escolar para implementar ações proativas de segurança”, diz a nota.
A pasta anunciou a ampliação do programa para que 5 mil profissionais fiquem dedicados à aplicação das políticas de prevenção à violência e disse que a contratação de 150 mil horas de atendimento psicológico está em andamento.
A plataforma do Conviva, usada para registro de ocorrências nas escolas, será atualizada para que casos graves sejam facilmente identificados e a equipe possa intervir pontualmente.
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