Joias, fuzil e viagens de parentes: veja polêmicas com aviões da FAB no governo Bolsonaro

As polêmicas com os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, transportando de fuzil e pistola a familiares e amigos pastores
O recente escândalo das joias presenteadas pelo governo da Arábia Saudita à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, detidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, trouxe à tona outra questão: as polêmicas com os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, transportando de fuzil e pistola a familiares e amigos pastores.

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Apesar das joias terem sido trazidas ao Brasil por um assessor do ex-ministro Bento Albuquerque em voo comercial, em outubro de 2021, o avião da FAB figura entre as inúmeras tentativas de liberar os itens da alfândega. Veja, abaixo, mais detalhes desse e de outros casos.

‘Joias da Arábia’

Ao menos seis pessoas estão envolvidas diretamente na tentativa do governo de Jair Bolsonaro de tentar entrar no país ilegalmente com joias de diamantes avaliadas em R$ 16,5 milhões. As pedras preciosas, que seriam um presente do governo da Arábia Saudita à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, foram encontradas na mochila de um assessor do ex-ministro Bento Albuquerque, no Aeroporto de Guarulhos, e apreendidas pela Receita Federal em outubro de 2021. Diversos integrantes do governo agiram para tentar, sem sucesso, liberar os itens da alfândega. O caso foi revelado na semana passada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.

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Homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro, o coronel Mauro Cid foi quem pediu um avião da FAB com urgência para que Jairo Moreira da Silva pudesse buscar as joias apreendidas. No dia 28 de dezembro de 2022, o próprio [então] presidente Bolsonaro enviou um ofício à Receita comunicando a viagem do subalterno e cobrando a devolução das joias.

No dia seguinte, Jairo Moreira da Silva, o chefe da Ajudância de Ordens do presidente e sargento da Marinha seguiu para Guarulhos para “atender demandas” de Bolsonaro, conforme consta na solicitação de voo da FAB. Foi a última tentativa de reaver as joias. “Não pode ter nada do (governo) antigo para o próximo, tem que tirar tudo e levar”, argumentou o funcionário ao tentar convencer os fiscais alfandegários, conforme consta em relatos colhidos pelo jornal. Bolsonaro viajou para os Estados Unidos no dia seguinte, também em avião da FAB, e não retornou ao Brasil.

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Fuzil e pistola

Em 2019, dois anos antes de receber as joias no Catar, o então presidente Bolsonaro (PL) ganhou um fuzil (calibre 5,56 mm) e uma pistola (calibre 9mm) de presente durante uma viagem aos Emirados Árabes Unidos. O caso foi revelado pelo site Metrópoles nesta sexta-feira. O fuzil, customizado com o nome de Bolsonaro, só foi entregue a ele dentro do avião da FAB, no voo que traria a comitiva de volta ao Brasil.

Ainda segundo o Metrópoles, as armas teriam sido presentes de um príncipe de uma família real dos Emirados Árabes. No site Casa do Tiro, um fuzil semelhante custa entre R$ 32 mil e R$ 42 mil. A pistola, varia de R$ 5,9 mil a R$ 15,6 mil.

Parentes, pastores e lobistas

Em 10 de janeiro deste ano, o Ministério Público abriu uma investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus ex-ministros para “apurar suposta prática de ato de improbidade administrativa em razão da alegada utilização de aeronaves oficiais, pertencentes às Forças Aéreas Brasileiras, para o transporte de parentes, pastores e lobistas”. Ao todo, são três ex-ministros investigados ao lado de Bolsonaro: Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Marcelo Queiroga (Saúde).

Damares Alves e sete parentes de Michelle Bolsonaro

A então ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) deu carona em avião da FAB a sete parentes da então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, em uma viagem de Brasília para São Paulo no dia 21 de agosto de 2021. O voo foi solicitado por Damares com a justificativa de ir a um evento do Pátria Voluntária, programa social coordenado por Michelle, que também estava na aeronave.

À noite, Damares e Michelle participaram, na capital paulista, do aniversário do maquiador e influenciador digital Agustin Fernandez, amigo das duas. O avião deixou Brasília com 16 passageiros, incluindo Sarita Pessoa, mulher do ministro do Turismo, Gilson Machado. No dia seguinte, na volta para a capital federal, o grupo se manteve: a filha mais velha, três irmãos, uma cunhada e dois sobrinhos de Michelle embarcaram. Fernandez, o aniversariante, também pegou carona no voo oficial de retorno.

Arilton Moura, pastor da Igreja Cristo para Todos

Um dos pastores que foi citado como possível lobista na liberação de verbas do Ministério da Educação, Arilton Moura, participou de um viagem do ministro da Educação, Milton Ribeiro, de Brasília a Alcântara (MA), em maio de 2021, em um voo oficial com aeronave da FAB.

Na época, autoridades e lideranças evangélicas cobraram explicações do presidente Jair Bolsonaro e de Milton Ribeiro, após virem a público os indícios de favorecimento na liberação de verbas a prefeitos indicados por Arilton Moura, e outro pastor chamado Gilmar Santos. Embora não tivessem cargos públicos, os dois religiosos atuavam como uma espécie de assessores informais do ministro, intermediando reuniões com chefes de executivos municipais de diferentes regiões do país.

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