ENEM 2015 tem abstenção de 25,5% e 743 candidatos eliminados

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Com o índice de abstenção de 25,5%, a prova do Enem deste ano teve o menor percentual de estudantes faltosos dos últimos sete anos. Do total de 7.746.436 inscrições, 5,7 milhões de candidatos fizeram as provas neste sábado (24) e domingo (25). A informação foi dada pelo MEC (Ministério da Educação) na noite deste domingo, em Brasília.

De acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, a perda da isenção aos estudantes que faltaram a prova e a motivação dos estudantes são as principais razões para a abstenção menor. “Ainda é cedo para uma análise conclusiva, mas acredito que o fim da isenção para quem faltar a prova e a motivação para os concursos, que vêm crescendo ano a ano, levam os estudantes a faltar menos”, apontou.

Nas 63 universidades federais do país, a prova é usada como parte ou como todo o processo seletivo. O Enem ainda é critério para acesso às bolsas do Prouni (Programa Universidade Para Todos), ao Fies (Financiamento Estudantil), em faculdades privadas, e ao programa Ciência sem Fronteiras, que envia universitários para intercâmbio no exterior.

A prova do Enem deste ano também teve o menor número de eliminações dos últimos anos. Ao todo, 743 candidatos foram impedidos de fazer as provas por causa de irregularidades. Desses, 677 foram por uso de equipamentos inadequados e 63 foram pegos no detector de metal. Três candidatos foram eliminados por postarem imagens da prova em redes sociais.

Além dos municípios de Taió (SC) e Rio do Sul (SC), que tiveram as provas suspensas por causa das chuvas, uma escola de Marituba (PA) teve a prova cancelada neste domingo por falta de energia. Com isso os alunos que se inscreveram na escola Nossa Senhora do Rosário farão as provas nos dias 1º e 2º de dezembro. O ministério apontou que aconteceram 23 casos de interrupção de provas por falta de energia elétrica.

O ministério também apontou que aconteceram nove ocorrências médicas e citou um caso de erro da pessoa que aplicou a prova em uma escola da cidade de Santa Luzia (MG). “Três alunos tiveram menos tempo para fazer a prova e vão ter o direito de fazê-la novamente”, disse Mercadante.

Redação

Ao tema da redação do Enem deste ano (A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira), Mercadante disse que não há participação do ministro da Educação na escolha, mas apontou que gostou do tema: “Eu achei um tema excelente. Ajuda a conscientizar sobre a questão da violência contra a mulher”. A escolha do assunto causou polêmicas em redes sociais e foi comemorado por feministas.enem_memes

Veja um exemplo de redação modelo do Enem 2015

RIO – A professora de redação Carolina Pavanelli, da rede de ensino Eleva Educação, escreveu uma redação com o tema proposto pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”.

MAIS MARIAS, MENOS AMÉLIAS

“Amélia não tinha a menor vaidade/ Amélia que era mulher de verdade”. Com esses versos, na primeira metade do século XX, Mario Lago imortalizou uma visão há muito perpetuada: a da mulher obediente, subjugada, do lar. Décadas depois, Milton Nascimento criou uma protagonista diferente: “Maria” era forte e batalhadora. Essa mudança, condizente com o ideário da época, não trouxe, porém, grandes reflexos no que tange à mulher: ela continua sendo vista como inferior e vítima de violência. É preciso entender as manifestações desse mal, a fim de combatê-lo.

Primeiramente, é vital abordar a violência física contra a mulher: vivemos em uma sociedade historicamente patriarcal, que enraizou a imagem de inferioridade delas em relação aos homens. Isso faz com que mulheres ainda sejam espancadas por seus parceiros e não os denunciem, ou por medo de ameaças, ou por acreditarem que isso faz parte do amor, em uma sociedade que romantiza “50 tons de cinza”. Além disso, é visível a perpetuação da cultura do estupro, que culpabiliza a vítima por usar determinados trajes ou ter certas atitudes, em uma inversão de valores típica do contexto brasileiro.

Em segundo lugar, não se pode esquecer da violência moral, ou seja, que denigre a imagem de uma pessoa. Com a perpetuação da internet, são inúmeros os casos de mulheres que têm fotos e vídeos íntimos compartilhados sem autorização, o que ratifica a objetificação do corpo feminino. Logo, engana-se quem pensa que a violência é somente física. A partir do momento em que se aceita que a presidenta seja rudemente xingada em uma manifestação, ou que mulheres ainda recebam salários menores que os homens, esse tipo imoral ganha contornos assustadores.

Portanto, fica claro que a violência contra a mulher no Brasil existe em muitos níveis. Como na natureza, em que nada se cria, tudo se transforma, é preciso um esforço mútuo para transformar essa realidade. Cabe ao governo fortalecer a Lei Maria da Penha, com mais fiscalização e rigor nas penas. ONGs, por sua vez, devem denunciar abusos contra a mulher a partir de campanhas de conscientização. Já a escola deve propagar a igualdade de gêneros, já proclamada em programas como “He or She”, da ONU. Só assim, Amélias virarão coadjuvantes em um cenário onde Marias prevalecem e pode, de fato, viver livres de violência – e a estranha mania de ter fé na vida não parecerá tão estranha assim.

Fonte: O Globo / Uol

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