Doutor Lobisomem
Por Levon Nascimento
Astromar Junqueira (Rui Rezende), pernóstico de dia
e lobisomem à noite, com Mocinha (Lucinha Lins),
a filha da aristocracia.
Respondam-me: o que consegue ser mais brega, atrasado e pé-no-saco (assim mesmo, sem firulas) do que os floreios, as citações em latim, os rapapés, as togas e os vocativos mofados de “vossa excelência” prá cá e “doutor” prá lá, na boca da maioria dos “ilustres” operadores do direito no Brasil? Remontam à cultura bacharelista da colônia e do império (muito latim e pouco trabalho).
No caso das autoridades judiciárias, guardadas as devidas e merecidas exceções, utilizam-se de um linguajar pernóstico e pomposo, tipo “embromation”, para esconderem que nos custam caro e produzem pouco.
Quem viveu a década de 1980 – eu tinha uns 10 anos quando passou – se lembra perfeitamente dos discursos sonolentos do professor Astromar Junqueira, papel interpretado pelo ator Rui Rezende na festejada telenovela Roque Santeiro, de Dias Gomes.
Como nosso Judiciário, de dia Astromar fazia discursos rebuscadíssimos e cortejava a mão de dona Mocinha (Lucinha Lins), filha do prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura); pela noite, virava lobisomem.
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