Anísio Teixeira entendia vida como ‘missão social a ser cumprida’, diz filho
Médico psiquiátrica e professor Carlos Texeira concedeu entrevista à Rádio Metrópole hoje (16)
Foto : Matheus Simoni/ Metropress
Por Juliana Almirante no dia 16 de Setembro de 2019 ⋅ 12:47
O médico psiquiátrica e professor Carlos Texeira disse, em entrevista à Rádio Metrópole hoje (16), que o pai, o educador Anísio Teixeira, entendia a vida como uma missão social a ser cumprida.
“Ele falava muito desse aspecto de missão. Ele entendia a vida como uma missão a ser cumprida e de preferência, uma missão social a ser cumprida. Ele tinha isso muito enraizado nele. Ele reproduz um pouco a formação jesuítica, da missão pela educação. A revolução democrática pela educação”,
Carlos conta que o pai era um “defensor ferrenho da escola pública universal”. Nascido em Caetité, Anísio teve formação jesuítica e saiu da cidade para estudar em Salvador aos 16 anos.
Estudou na capital baiana até os 27 anos, se formou em Direito do Rio de Janeiro e, ao voltar para a Bahia, foi nomeado “diretor de instrução”, cargo semelhante ao de secretário da Educação.
Anísio fez mestrado na Universidade de Columbia, Nova York, quando se aproximou ainda mais da temática da educação e volta ao Brasil, onde foi chamado para constituir a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Depois ele assume o Instituto Nacional de Pedagogia, atual Inep, onde ficou de 1952 até 1964 – quando foi retirado do cargo pelo golpe militar.
“Como diretor do Inep, ele constrói centros de pesquisa educacional. Na ideia dele, nada poderia funcionar sem a prática e a pesquisa. Teoria e prática permanentemente”, diz Carlos.
O médico relembra que o pai, conhecido pelo discurso de educação livre de privilégios, se definia como um homem de ação.
“Na verdade, é bom que se diga que antes de ele ser esse ícone da teoria – ele era um erudito, com certeza, e era ciente do talento dele – mas ele era um executivo”, defende o filho do educador.
Considerado perigoso pelo regime militar, Anísio foi encontrado morto no fosso de um elevador de serviço, em circunstâncias. Carlos diz que, até hoje, lamenta que a morte não foi esclarecida.
“Eu lhe confesso que, até hoje, eu, especificamente, não fechei nenhuma hipótese. Estou com as duas em aberto. Tem muita coisa para não ter sido um acidente. Tem muita coisa que pode ser sido acidente. Eu participei da exumação de meu pai na Comissão da Verdade. Foi feita exumação para fazer perícia sofisticada com todo atributo e tragicamente não adiantou nada. No final, a comissão tinha que dar laudo de imediato, porque já ia acabar o prazo e deixou-se sem ter feito essa avaliação criteriosa”, relata.
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