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Dengue potencializa chance de uma pessoa ter sintomas na Covid-19, diz estudo

Foto: Divulgação

A dengue potencializa a possibilidade de uma pessoa desenvolver sintomas caso seja infectada pelo coronavírus. Pessoas que já tiveram a doença transmitida pelo aedes Aegypti têm um risco duas vezes maior de desenvolver sintomas da Covid, mostra um estudo do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).

Os resultados foram publicados na revista Clinical Infectious Diseases. Durante o estudo, amostras sanguíneas de 1.285 pessoas foram analisadas pelos pesquisadores.

Os resultados sugeriram uma interação entre as epidemias de dengue e Covid-19, uma agravando a outra. A situação é chamada de “sindemia” pelos cientistas.

“Ambas afetam os setores mais vulneráveis da população”, afirmou o coordenador da pesquisa, Marcelo Urbano Ferreira. A pesquisa também apontou que a idade é outro fator relevante.

Os dados mostraram que quanto mais velho, maior a chance de ter Covid-19 sintomática e maior a probabilidade de ter sido exposto à dengue. A pesquisa foi desenvolvida com voluntários do município de Mâncio Lima, no Acre.

Os resultados obtidos pelo ICB-USP vão de encontro a um outro estudo realizado em 2020, que sugeriu que a infecção prévia por dengue poderia ter um fator protetor contra o coronavírus. Marcelo Urbano ressalta que a diferença nos resultados pode ser explicada pela diferença na abordagem.

Em um estudo o trabalho foi feito com dados já existentes e agregados, ou seja, não foram analisados de acordo com diferentes características.

Já no outro estudo, os dados coletados dependem da memória dos pacientes sobre ter tido ou não a doença e de um diagnóstico que não necessariamente foi preciso, explicou o cientista.

Mudança climática impulsiona doenças como a dengue

Foto: John Eisele/Colorado State University Photography

As ondas de calor extremo causadas pela mudança climática já afeta a transmissão de doenças, o fornecimento de alimentos e a produtividade, alertou pesquisa do Lancet Countdown on Health and Climate Change, elaborado por 150 especialistas de 27 universidades e instituições, entre as quais o Banco Mundial e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Divulgado na quarta-feira (28), o relatório final apontou que as mudanças climáticas já observadas no planeta estão favorecendo a propagação da dengue e do cólera. Nos Estados Unidos, casos de doenças transmitidas por mosquitos, pulgas e carrapatos, como a Doença de Lyme e o Vírus do Oeste do Nilo, triplicaram entre 2004 e 2016, segundo os Centros de Controle de Doenças (CDC).

“Nós não podemos atrasar as ações sobre a mudança climática. Não podemos mais cochilar nessa emergência de saúde”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Pequenas mudanças nas temperaturas e nas chuvas são suficientes para espalhar doenças infecciosas, segundo o estudo. A capacidade e força do Aedes Egypt, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, aumentou nas últimas décadas.

A disseminação do vírus da dengue, por exemplo, cresceu 7,8% desde os anos 1950 e bateu recorde de contaminação no mundo em 2016. À CNN, a professora de Saúde Global da Universidade de Washington Kristie Ebi afirmou que a disseminação geográfica do mosquito do Aedes Egypt aumentou “dramaticamente com as temperaturas mais altas”.