O calor no frio (artigo)

Por: Gabriel Chalita

O frio já chegou. Há campanhas do agasalho espalhadas por aí. Há pessoas que se mobilizam para ajudar as outras pessoas a passarem pelo frio com um pouco de calor. De calor humano. De calor gerado pelo humano jeito de ser generoso. É bom ver os jovens arrecadando cobertores e roupas . E distribuindo. E visitando entidades. E compreendendo que quem dá é ainda mais feliz do que quem recebe.

Há pessoas, por outro lado, com a casa cheia, repleta de roupas que, embora em bom estado, não são usadas há anos. E provavelmente nunca mais serão usadas. Uma roupa que não se usou nos últimos três, quatro, cinco anos ficará no guarda-roupas apenas ocupando espaço. Mas algumas pessoas não conseguem realizar o gesto simples de doar algo a alguém. Apegam-se de tal ordem às coisas que sofrem para delas se desfazer.

Há viajantes que viajam com a mala pesada. Que tropeçam aqui e ali por não suportarem ter que levar tanta coisa. Por que levam, então? Por que não simplificam a viagem? Desperdiçam momentos preciosos por se dedicarem à mala. Coisas são menos importantes do que pessoas. Ou compreendemos isso ou viveremos uma incorrigível miopia na alma. Aristóteles falava que a avareza era o pior dos defeitos humanos. Trancafiar-se em si mesmo é negar-se ao outro. O que somos e o que poderíamos partilhar.

Uma blusa que nos aqueceu pode continuar exercendo o seu papel. Ou até mesmo podemos comprar algo para doar. E compreender quanto é bom aquecer alguém. Se possível, levar os filhos para comprarem juntos e depois doarem. Exemplos moldam o caráter e mostram o caminho do agir correto. O frio pode ser um bom aprendizado. Aqueça.

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