Fim da onda vermelha ou retorno da onda conservadora?

Joandina Maria de Carvalho
Historiadora e mestre em bens culturais e projetos sociais.

joandinaEmbora não venha acompanhando com afinco o noticiário dos últimos anos, devo dizer que ando assustada com os rumos que tomou a política no Brasil. As expectativas de mudanças que tomaram as ruas no período da redemocratização foram por água abaixo. Ondas fortes de corrupção e de práticas conservadoras invadiram todos os lugares e de repente os eleitores começaram a reagir de diversas maneiras.

Nas eleições de 2010, o palhaço Tiririca teve mais votos para deputado federal que Plínio de Arruda Sampaio para presidente do Brasil; na votação do impeachment da presidente Dilma na câmara, os deputados invocaram avós, pais vivos e falecidos e netos ainda por nascer para a moralização do país. Os rostos e falas da maioria deles lembrava conservadorismo e não mudanças. A onda de moralização se transformou numa espécie de caça às bruxas, em que os principais alvos são membros do Partido dos Trabalhadores.

Sabe-se que as principais lideranças desse partido decepcionaram por demais os militantes históricos e setores mais organizados da sociedade, mas isso não quer dizer que o partido deva morrer. O PTB sobreviveu a Getúlio Vargas e João Goulart, o PDT a Leonel Brizola, o PMDB a Ulisses Guimarães, o PSDB a Mário Covas e apenas o PFL mudou de nome. Por que o PT não sobreviverá com dois ex-presidentes vivos? Será que a morte do que existe de “partidos” demais nesse pais começará pela morte do PT?

Saudosistas do período de militância política dura com o ideário do socialismo, das comunidades eclesiais de base, da Teologia da Libertação certamente estão tristes, pois a intenção dessas pessoas não era assaltar o poder e nem aliar a políticos reacionários e oportunistas. O que está pensando Frei Beto e tantas outras lideranças que participaram desse processo? O que estaria pensando Paulo Jackson – um dos principais lideres do PT na Bahia, que morreu aos 47 anos de vida em um acidente de ônibus numa viagem em que estava indo para o município baiano de Gentio do Ouro desenvolver seu trabalho num ano que não era eleitoral?

Os muitos militantes e políticos do PT no passado não migraram todos para o PSOL, nem os oportunistas foram todos para as legendas de aluguel. Outros pegaram o bonde andando e deram conta, outros, nem tanto. Portanto, os petistas que estão na ativa tem o dever histórico de resistir, pois afinal, a luta continua e um partido com essa história não deve morrer.

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